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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Nenhuma luz acesa. Meia-noite de domingo. Na rua, o silêncio de um enterro. Em meu quarto, a tristeza de mil legiões em luto. Não me restava muito. Apenas alguns móveis de madeira velha, o colchão, e algumas cartas de um passado remoto. Ás vezes, algum ânimo me aparecia. Então eu acendia a vela que ficava no canto esquerdo do criado-mudo. Não era preciso adivinhar: quando me dava conta já estava ajoelhado sobre o restos de um assoalho devorado por cupins. À minha frente, as cartas. Cartas de um amor desmerecido. Eram lembranças de uma vida ainda cheia de luz. O cheiro da minha querida permanecia bem vivo, diferentemente de mim. Era bom lê-las. Me sentia aquele menino apaixonado pela garota mais linda do colégio. Mas a fúria me vinha quando podia menos esperar. Era a não aceitação da minha condição. Eu estava pálido, fétido, mal vestido, com dentes careados e uma barba de se confundir com um estranho emaranhado de linhas sujas. A esperança havia me abandonado e eu não queria ver a luz do dia. Eu estava sozinho e mal podia esperar pelo meu enterro. Seria a libertação de uma alma infeliz. Sim, eu estaria livre e não precisaria mais sofrer. Parentes e velhos amigos talvez apareceriam, e seria visto pelo menos uma vez na vida como protagonista de alguma cena. Não seria má ideia. Muitas noites aqui permaneci, e até agora só quem vejo são ratos, baratas e cupins de um lugar quase sem vida. As teias de aranha me sufocam, e minhas narinas mal podem respirar em lugar tão empoeirado. Acho que vou até a cozinha. Lá tem algo que me pode ser bem útil. Luzes, me faltam luzes. Tropeço por todos os cantos. Assim não posso encontrar nada. Vou voltar, e pegar a vela. Assim eu fiz, caminhei até o armário, e encontrei sem muita dificuldade, o objeto de maior valor para mim naquele momento. A faca. Sim, uma faca velha e enferrujada, mas muito boa no corte. As luzes da esperança voltaram-se, eu sentia as emoções correndo por minhas veias sujas, era uma amargura real, e eu me sentia por completo. Caminhei junto dela, e nos dirigimos até o centro da sala principal. Não haveria palco melhor para um momento tão... perfeito. Era ali, e eu sabia. Aquele era o lugar em que eu abriria as portas para uma vida menos infeliz. Acabo de cravá-la em meu peito. Este sofrimento me parece tão real, que mal posso imaginar que estou vivendo meus últimos segundos. Ah, antes que eu vá, gostaria de lhe dizer que não a esqueci por um segundo. Guardei as cartas, todas as cartas. Bom, sinto que meu sangue se escassa e estou certo de que o tempo é agora bem curto. Até as luzes da treva. Até um dia. Não se entristeça. Estou bem. Estou triunfando como nunca em toda esta inútil vida ..

Giovana da Rocha

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Conto - V

Frederico Costa era vendedor de frutas e hortaliças na tenda amarela, a mais atraente e bem organizada da rua Antônio Dias. Naquela segunda-feira, em especial, estava sem seu avental. Frederico não estava trabalhando. Estava dedicando-se à um caso especial: queria encontrar a dona de um caderno que havia achado em meio as suas coisas velhas, guardadas no porão. Era um caderno de couro gasto, provavelmente de muitos anos atrás, fechado por uma fita de cetim rosa, que formava um belo e delicado laço. Dentro dele, lindos poemas, todos assinados com um nome desconhecido, de mulher. Encantou-se lendo-os. Tratava-se de belas histórias de amor, todas escritas com caneta-tinteiro, por uma dona de graciosas letras. Naquele dia, Frederico havia lido o último poema e, estava certo de que desejava encontrar Maria da Cruz. Pegou uma lista telefônica da época que ainda vivia em São Paulo, e começou a procurar pela dona dos belos poemas. Mas, não seria fácil, muitas Maria da Cruz foram encontradas. Ligou então para muitas delas, perguntando se possuíam uma velha agenda de couro com poemas escritos e assinados com seus nomes. Isso custou-lhe um mês e treze dias ligando para as possíveis donas da agenda de couro. Todas se negavam, algumas eram estúpidas, mandavam-no deixar de ser criança, e davam risada ao ouvi-lo contar sobre sua incansável busca pela Maria da Cruz, a escritora que inegavelmente havia conquistado seu coração. Foi naquela segunda-feira que conseguiu falar com um rapaz chamado Guto, que se dizia neto de uma das supostas Maria da Cruz. Ele pediu para conversar com ela, mas Guto disse que não seria possível. Sua avó estava debilitada, passando por um tratamento de câncer na Santa Casa de São Paulo. O garoto, simpático, prontificou-se a ajudar no que fosse possível e, quando Frederico falou sobre o caderno de couro com belos poemas, pôs-se a chorar. E então, disse: minha avó não consegue se esquecer daquele caderno, era um presente de meu falecido avô, que a presenteou dizendo: "Quero que escreva seus mais belos poemas aqui, pois um dia você será reconhecida. Tenho certeza disto, minha querida." Guto disse que seria um prazer recebê-lo em sua casa e que sua avó adoraria ter o caderno de volta em suas mãos.
Frederico mal podia crer que estava tão perto de conhecer Maria e entregar seu caderno. Foi ao banco, sacou suas economias, guardou o dinheiro no bolso e foi tomar um ônibus com destino à São Paulo. Com o endereço de Guto anotado, chegou na rodoviária. Pegou um táxi e, em meia hora estava na casa de sua adorável, ainda não conhecida, Maria. Apertou a campainha três vezes, mas não foi atendido. Foi naquele momento que um vizinho foi até Frederico e disse que Guto havia saído às pressas, em direção ao hospital. Não era preciso dizer... Frederico já imaginava que a sua Maria deveria estar passando por momentos difíceis e, prontamente decidiu ir até o hospital. Assim que desceu do carro, foi correndo até a recepção e pediu o número do quarto da senhora cujo nome era Maria da Cruz. Foi naquele momento, que um rapaz sentado na cadeira da recepção avistou sua figura segurando um caderno de couro na mão. Era Guto. Abraçaram-se fortemente, e o garoto disse que sua avó estava inconsciente. Frederico não podia acreditar. Ele queria poder conversar com a talentosa dona de um caderno que revelava uma forte, intensa e, ao mesmo tempo, delicada personalidade de mulher. O garoto levou-o até o quarto 307, onde Maria estava internada, e disse: pode ir até lá, deixe o caderno na cabeceira que depois o guardamos.
Seus olhos não se contiveram, Frederico estava a chorar. Sozinho, entrou no silencioso quarto, onde repousava uma inconsciente e bela senhora de bochechas rosadas com um bem cuidado cabelo branco. Como não soubesse de seu estado vegetativo, Frederico contou-a toda a história, disse como encontrou o caderno, mostrou-se eterno admirador de seus poemas. E, foi ao dizer que estava muito feliz em vê-la, que uma lágrima escorreu do olho de sua amada escritora. Frederico deu um beijo em seu alvo rosto e, feliz pela reação, foi às pressas chamar Guto. Enfermeiros e médicos foram até o quarto, e isso custou-lhe intermináveis 45 minutos. Com as cabeças baixas, a equipe médica deixou o quarto anunciando a morte de Maria da Cruz. Frederico passou aquele dia em São Paulo para assistir ao enterro de sua poeta. Depois de partir de volta para sua terra, jurou a si mesmo que faria Maria da Cruz ser reconhecida por seu inacreditável talento. Pediu ajuda a muitos amigos, aos fregueses ricos que frequentavam sua tenda. Em dois anos havia arrecadado quantia suficiente para ir até uma editora e publicar um livro com todos os seus poemas. Quando estava tudo certo e o livro estava pronto para ser lançado no mercado, ligou para Guto, para que fossem juntos celebrar o dia de sua publicação. Acolheu, dois dias depois, o rapaz em sua casa. Juntos, anunciaram a publicação do livro. Frederico ouviu aplausos emocionados de todo um bairro que admirava sua atitude. Maria haveria de estar feliz. Maria da Cruz estava agora eternizada num sonho que, ainda que tarde, se concretizou.

Giovana da Rocha

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Se me perguntares se a eternidade existe, direi que não sei. Agora se disseres que esta se chama amor, serei obrigada a concordar.
Giovana da Rocha

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Cartas Finadas

Há dois meses que não mais recebo notícias. Ando com o coração apertado, com a mente inquieta, e a alma sem paz. Tento me lembrar ao certo quando é que foi que demos o último beijo. Isso é atormentador. Não dá para aceitar que nós, por meu medíocre ciúmes, nos despedimos brigados. Despedida? Nem isso tivemos. Você se foi, chamado pelo exército nacional para defender-nos da guerra. Eu estava na praça quando ele e os convocados passaram por mim. Não podíamos, nem tínhamos muito tempo para conversar. Você então me disse que ficaria bem, que assim que possível me enviaria cartas. Não pude continuar a falar, nem desejar-lhe boa sorte. Ele se afastara, e eu chorava. Na carta que recebi, você dizia estar fraco e com dores nas pernas. Foi então ao continuar lendo, que uma, ainda que fraca, luz me reavivou o coração: dizia que me amava, que eu era "a estrela, aquela que mais brilhava". Mesmo triste, por não estar de volta e os conflitos não terem se acalmado, eu sabia que estava bem, que estava vivo. Para mim, aquilo era um conforto. Mas hoje, precisamente hoje, isto me enlouquece. Passo noites acordada, e vou todas as manhãs até a banca ler o que está a falar sobre a guerra, nos jornais. Pergunto ao sargento aposentado, que mora perto da minha avó, se tem notícias dele, se sabe como está. Mas não, não me dizem nada. Ninguém sabe de nada. Apeguei-me a todos os santos, comecei novenas. Ajoelho-me no santuário que montei e, todas as noites, peço por você, por alguma notícia, por uma palavra que me tire do peito a angústia que sufoca. A vontade é de não fazer nada, de dormir e só acordar quando tudo tiver acabado. Eu então poderei abraçá-lo, dizer o quanto me sinto mal, que sinto muito. Às vezes, um eu te amo é o que mais precisamos. Mas, por que raios havia de existir guerra? O homem não sabe se resolver com dignidade? É preciso sacrificar almas, ferir tantos? Só queria meu  Luan aqui, comigo... Bom, deixe-me checar a caixa de correio, a esperança é a última que morre. Por Deus! Há aqui uma carta... só pode ser dele! Depressa, Juliana, abra logo isto! Peguei apressadamente uma faca e cortei o envelope: ah, esta não é do Luan... aqui diz sargento Marcio... estranho. Vejamos.... Não, não, não! Não pode ser verdade. Preciso acordar, que este só pode ser um sonho ruim, um pesadelo terrível! Com os últimos ataques da semana passada, aqui diz,  Luan foi atingido, ficou no hospital e............. na noite de domingo, se foi. Aqui dizem que... o corpo dele estará dentro de alguns dias de volta à cidade. Porto acaba de anunciar que não me quer mais aqui... o mundo me tirou as razões para viver. Eu tinha um amor, e ele se foi com a guerra. Argh! Malditos países, maldita seja toda essa desgraça! Maldita seja a rivalidade! Ele se foi, e não me esperou. "Contenha as lágrimas, não se deixe abater", é o que dizem. Mas não quero prolongar aquilo que me machuca, que tanto dói. É preciso estancar a dor, não há vida sem amor. É isso. Não há mais o que ser pensado! A vida me apunhalou e levou o que mais me valia. Agora sou eu quem segura a faca, e será minha a última punhalada! Não terminarei a carta, e nem será preciso... faço do sangue que escorre os últimos dizeres. Faço deste, o meu despedir.

Giovana da Rocha

domingo, 27 de janeiro de 2013

Ser Feliz com a Felicidade de Quem Ama

Esta noite não será mais como as outras, e eu já sabia disso. No coração, as dores da saudade. Nos olhos, a infelicidade que tentei conter, para que não transbordasse. É preciso dormir, me preparar para o primeiro dia de aula, para o ano que pode decidir meu futuro. Mas, não é assim tão fácil esquecer aquilo que sempre te fez viver. Não, viver não. Não sejamos românticos extremistas. Corrigindo: não é assim tão fácil esquecer aquilo que sempre te fez viver, MAIS FELIZ. Agora, restam as lembranças dos momentos, das risadas, de quando saíamos escondidos(atirem pedras os que nunca fizeram isto!). Então pus-me a pensar, a lembrar das brigas desnecessárias, dos ataques de ciúmes. O ser humano é mesmo mesquinho, egoísta. Ele pensa ser dono universal de quem tem asas, e que, a  qualquer momento vai se por a voar. É isto. Agora, eu vejo a necessidade de mudanças, de me adaptar com a distância. Pássaros não foram feitos para ficar aprisionados, vivendo em um mundo restritivo. Não, eles foram feitos para, mais do que existir, viver. Eles foram feitos para triunfar, atingir seus objetivos, conhecer novos caminhos, lugares. Pode ser que passem pela fome, pelas estações de seca, por momentos cujo maior auxilio é a vontade de sobreviver, de se sobressair, de vencer. Mas, na vida ninguém é feliz sem passar por isso. Lágrimas, há quem diga, não resolvem problemas, não oferecem soluções. Mas são a cura de uma alma ferida, são as melhores amigas de quem passa pela despedida. Espero que você seja feliz nessa nova trajetória, nesta mais nova vida. Lembre-se: pássaros foram feitos para voar, conhecer cada vez mais o mundo, indo o mais adiante que puderem. E isto é o que você está fazendo. Você está se preparando para vencer na vida, superar a mera condição daqueles que somente existem. Então, se der vontade de chorar, chore! Mas chore de felicidade, pois este rumo tem como destino um futuro brilhante! E, além do mais, quem disse que pássaros não voltam? Quem é que vive sem lembrar-se de suas raízes?  Eu estarei aqui. E, quando possível, é isso que você fará. Você verá que para o amor não há tempo, não há distância, não há sonho que o destrua. Bata suas asas, vá ser feliz! Porque quem aprende a amar, aprende a ser feliz com a felicidade de quem ama.

Giovana da Rocha

sábado, 26 de janeiro de 2013

A vida é curta e, no entanto, suficiente para o amor. O amor é enorme e cabe em tão reduzido espaço. Meu coração não é assim tão grande mas nele há sempre espaço.
Giovana da Rocha

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Conto da Despedida

Infância, adolescência, juventude, fim. Traumas, incompreensão, inveja, frustrações. Silêncio, revolta, prazeres momentâneos. Memórias atormentam, recordações vêm à tona. Neste mundo ninguém pensa mesmo em ninguém. Quem é que sabe ser grato? Amargura, solidão. Externamente, olhos lacrimejantes acompanhados de tristes linhas de expressão. No interior, hesito. Não se sabe ao certo o que ainda realmente flui, existe. Feridas, destruição, esquecimento. O eu não se reconhece mais tão bem. Falo agora de um conhecido em esquecimento. A inveja mata, o ódio sufoca. A vida é uma cilada, amigos não existem. É só você e seu mais intenso suportar. Sim, suportar. Viver não passa de existir suportando. Suportando calado aquilo que ouve, aquilo que vê, aquilo que passa. E então você tem um súbito anseio de mudar tudo. Fracasso. Os homens se condicionam a isso. Todos condicionados a serem iguais, injustos, vis. Com justiça é que não vem o sucesso. O mundo é sim dos espertos, é da ruindade, do cão. Bondade é mesmo tolice. Vingança, raiva, ódio, rancor. Sinto tudo o que há de ruim, de mal, de demoníaco. É um frenesi descompassado. Sou humano, não nego a raça. Vem, escárnio! Seja bem-vindo rancor, adentre-se cinismo! Abram alas, preparem os fogos. O triunfo é nosso, cães roedores! O sucesso é vosso, sanguessugas traidoras! Vamos sugar, esgotar as últimas doses de bondade. Vamos enlouquecer os sãos, ensandecer os deprimidos! Neste trajeto, a mão é única e todos caminham para destinos iguais. Hoje não mais vejo o mundo com aqueles olhos, com a pureza que não mais me condiciona. Sou mesmo infernal, sou filho do cão. Ora amigos, não tenham medo! A vida é uma desgraça que enquanto vivida pode até ter certa graça. Basta vivê-la, pisando nos frágeis, pondo fim às regras. Mundo, realidade. Acabas de conhecer o universo em que vivemos! Alimentam-se os fortes, sobrevivem os que sabem explorar. O triunfo é dos que invejam, dos que sabem humilhar. E hoje me sinto real, me sinto verdadeiro, existo no mal. Inferno foi sempre minha vida, e é nele que muitas vidas faço questão de arrastar. Feridas, ruínas, destruição! Então armas se apontam para diferentes direções, sentidos. Isso sim é viver. Não feche os olhos, pois estão todos prontos para te apunhalar. As facadas não tardam, os golpes hão de vir. Cedo ou tarde, você há de cair. O bem não sobrevive por muito longo tempo, o bem não sabe reinar. Caros amigos, um brinde à destruição e aos vícios! Um brinde à sagacidade, à imundice! Beijemo-nos, envolvemo-nos na orgia que alucina, no desejo de prazer! O gozo é fruto do pai, do cão. O gozo é pura tentação. Vamos, venham todos! Orgia, gozo, prazer. Viver é mesmo delicioso. Urram os machos, gemem as vadias. Para que mesmo é que eu estava aqui? Ah, desgraçado! Você é mesmo um perdido, já não satisfaz-se com o que o mundo oferece. O filho sempre torna à casa do pai! Isto, isto mesmo. A glória nunca termina na terra, ela eterniza-se no infinito, no sem fim. Para que temor? Para que o medo? O céu há muito tempo está desabitado, o paraíso perdeu-se no fogo do inferno! Vamos, quero todos comigo! São só alguns minutos, são poucos os segundos. Olhem, vejam! Falta pouco, muito pouco. Notemos que o fim se aproxima! Percebamos, amigos, que não somos eternos aprendizes. Nós estamos a dois ou três passos da escuridão!

Giovana da Rocha

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

My Portrait


Esse desenho foi feito pelo meu grande amigo Leonardo Fernandes. À você, meu muito obrigada. Eu realmente adorei!
A vida é o único desafio que nos desafia a desafiar nossa própria existência.

Giovana da Rocha

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

. II .

Quando sai à rua
Meus olhos avistaram-se a ti
Foi então ao mirar a lua
Que da minha vista te perdi

Ajoelhei-me e às estrelas pedi:
Valha-me Deus que eu o encontre
Novamente à minha fronte
Porque d'amores já quase morri

Que eu algum dia possa
Novamente encontrar
Aquele amor tão puro que senti

Que seja num barzinho a ouvir bossa
No dia que o bom Deus reservar
Inda que isso me custe viver à procura de ti

Giovana da Rocha

Go!

Abra mão do que te prende e dê asas à algo que o faça voar.

Giovana da Rocha

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

----------------------------- Épigramme ----------------------------

Levanta essa cabeça, aviva-te!
Enxuga as lágrimas, menina
Limpa a maquiagem que borrou
E vê se põe de volta o brilho no olhar
Pois tão lindos olhos não foram feitos para chorar

Giovana da Rocha

Ir e Vir

Você passa uma vida inteira em torno de certos ideais, de determinados valores. Aí, bem no meio do trajeto, se vê obrigado a mudar. E então percebe que não dá para ser feliz com tudo ao mesmo tempo. Você sai apagando tudo o que não valeu a pena, voltando atrás, correndo contra o tempo. A construção do eu verdadeiro não é assim tão fácil tarefa: é preciso escolhas certas e boa dose de maturidade.

Giovana da Rocha

sábado, 12 de janeiro de 2013

Viver é uma Superação

Lúcia acordou. Em instantes, já havia levantado, tido seu café-da-manhã, tomado um refrescante banho, despertado para a vida! Sim, ela sabia que não havia tempo a ser perdido. Ela era e, mais do que nunca, estava consciente de que cada segundo é uma preciosidade. Foi ao espelho, chorou por alguns minutos ao se lembrar com saudade dos cabelos que não mais tinha. Mas, para ela, isso não era o mais importante. O que valia era a superação. A cada dia, um dia a menos de luta. A cada dia, o fim da tempestade estava mais próximo. Lúcia tinha um novo dia de vida para agradecer. Com seu vestido mais lindo e uma maquiagem de invejar, era a mais linda flor de toda aquela primavera. Pegou a bicicleta e foi passear. Ela era agora uma pessoa transformada, que podia enxergar melhor o valor das coisas. O vento que vinha até sua face era um agradável acariciar divino. E quando descia da bicicleta para sentar-se sob as árvores, enxergava nas sombras um descanso para a vida. Guerreira, Lúcia sabia que viver é também sofrer. A garota sabia que a dor vem somente aos que podem suportar. Com todo o apoio de seus pais, as sessões de quimioterapia eram apenas difíceis momentos, mas que viriam seguidos por alegres conquistas. Naquela semana, estava dispensada do hospital. Lúcia tinha uma semana inteira para aprontar-se para a festa de formatura. Lojas, costureiras, vestidos, sapatos. A jovem estava ansiosa para aquela festa, e sabia que não poderia ir de qualquer jeito. Ao cabo daquela semana, o vestido estava comprado e os ajustes feitos. O sapato havia escolhido na véspera. Agora, só lhe faltava o presente que seu pai havia prometido lhe dar. Mas, ele ainda não havia chegado. Lúcia mal podia esperar para abri-lo. Foi então ao sair de seu banho, que olhou para a cama. Seus olhos não se contiveram, e pôs-se a chorar. Dentro da embalagem, deslumbrou-se ao ver o que havia dentro: um lindo anel de ouro e uma peruca. Mas aquela não era simplesmente uma peruca, era uma peruca com seus próprios cabelos... inclusive sua querida mexa rosa!!! Ainda em seu quarto, foi até o aparelho de som, colocou para tocar sua música preferida. Em alegres pulos e passos, dançava por todo o quarto com seu mais novo cabelo. Radiante, a garota mal podia acreditar. Não era preciso mais nada para ficar feliz. A cerimônia de entrega de diplomas foi maravilhosa, mas foi durante a apresentação do vídeo da turma, que Lúcia e os pais mais emocionaram-se. Os colegas haviam preparado uma linda homenagem à garota, mostrando que nunca a esqueceram durante os 6 meses que havia se ausentado. Para encerrar, não menos que incrivelmente, Rodrigo, sua antiga paixão de adolescência, subiu a longa escada. Ao chegar no palco principal, pegou o microfone e pôs-se a fazer uma declaração à jovem. No final, encerrou-a ajoelhando-se, com um pedido: aceita namorar comigo, Lúcia? A garota, timidamente, sorriu a ele e disse: sim! Como não tivessem mais tempo a ser perdido, ele rapidamente desceu a longa escadaria, já que a valsa estava para começar. Deram um longo abraço, seguido de um tímido beijo. E então o rapaz perguntou: Concede-me a honra desta dança? Não foi preciso responder. Lúcia puxou-o até o palco, e dançaram felizes a celebrar aquele lindo momento...  a celebrar aquele grande marco de suas vidas!

Giovana da Rocha

sábado, 5 de janeiro de 2013

A vida é uma pedra, e nós os escultores. Grandes estátuas não surgem de uma hora para a outra, são resultados de trabalho árduo com esforço e dedicação.

Giovana da Rocha

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Viver é uma aprendizagem em que conviver consigo mesmo é a mais nobre lição.

Giovana da Rocha

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Merry Christmas!

Que o Natal possa torná-los ainda mais felizes e repletos de realizações. Mas, é por meio deste, que venho também pedir um, ou quantos for preciso, minuto de silêncio por todos aqueles que se encontram em condições de miséria, pelas crianças que não conhecem os presentes do 'bom velhinho', por todos os que embora sem muito o que agradecer sabem o que é espírito natalino. Mais compreensão, carinho, amor, PARTILHA. Este é o Natal que desejo à todos vocês.

domingo, 23 de dezembro de 2012

A Morte é a Única Certeza

Pelas frestas da janela, raios de sol invadiam o quarto. O dia estava a surgir. Incomodados, meus olhos forçaram-se para abrir. Aquele era mais um dia de possibilidades. Prontifiquei-me para que levantasse com um pulo. Estava despertada para a vida e aquilo me fazia bem. Nenhum segundo podia ser perdido. A felicidade quando vem deve ser agarrada e vivida até o dia em que se vai. Eu sabia que aquilo tudo não seria para sempre, que um dia nos separaríamos, que as coisas não ficariam tão bem. Dancei, viajei, vivi. Aproveitei como se cada momento fosse o último. Aqui, agora, com todo o tempo e ausência do que fazer do mundo só o que faço é lembrar. Lembro-me de cada momento, dos sorrisos, dos beijos. Dói o coração pensar que vivemos juntos e que agora, meu parceiro é a solidão. A vida é traiçoeira, a onda que te trás boas coisas é a mesma que te leva tudo e um pouco mais. Sei lá, talvez seja esse o sentido de viver. Sobreviver dia mais dia, e preparar-se para as perdas. Nesse jogo, ninguém sai impune. Não há trapaças que resolvam os problemas nem jogada mestra que o faça vencer. Somos todos perdedores cujos finais são sempre os mesmos. Escravos desta, não escapamos sequer da morte.

Giovana da Rocha

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Love is a flower

Satisfaço-me com uma simples carícia, desde que vinda de alguém que me queira bem, que me deseje feliz. Não é preciso muito. Não lhe peço nada que dinheiro compre. Considero-me feita com um presente de amor. Para isso, é só procurar com carinho. Vá até um canteiro, pegue e me dê a mais meiga flor.

Giovana da Rocha