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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Sala de Espera


Sei que todos têm sua hora
E estou certa de que a minha há de chegar
Ansiosa, portanto, espero
Espero pela vinda de quem mal posso esperar

Pego um pano,
Que é para limpar cada cristal de meu lustre
A casa deve estar bela,
Em plena sintonia com a canção

A música, a tal canção, vinha de fora
De algum lugar bem distante
Eu não a ouvia bem,
Mas de sua letra um trecho me soava bem claro
Era como um refrão:
Não tenha pressa
Não tenha pressa

Queria sair, escolher o melhor lugar da plateia,
Esperar o sinal do maestro e ouvi-la
E ouvi-la por completo

Dizia minha velha avó que não vivemos presos:
"Minha filha, tenha calma, um dia a porta se destranca"

Decidi fazer da casa um lugar mais confortável
Devia ser bela, aconchegante e cheia de janelas
Bela, para que os olhos não se cansassem
Aconchegante, sim, pois a espera costuma ser longa
Janelas, para que o mundo não ficasse tão distante
Para que o vento entrasse
E me trouxesse a sua canção

Longe, lá de longe,
A música vinha como uma brisa
Suave, reavivante
Eu não a ouvia bem, é certo
Mas ela me visitava todas as manhãs

Não, eu não estava sozinha
A porta estava trancada
Mas as janelas iluminavam meus dias

Depois de tudo organizado,
Conclui que a sala estava pronta
Diferente de tudo que já vi!
E então, pude dedicar-me mais à música

Dias
Noites
Mais dias
E noites

O tempo foi passando
Mas o refrão era somente o que eu escutava:
Não tenha pressa
Não tenha pressa

Com o coração manso
E os olhos já cansados
Decidi que precisava dormir
O céu se fechava,
Uma tempestade estava por vir
Fechei as janelas, os olhos
Embalei o coração

Durante o sono, um estrondo
Levantei-me depressa!
Um raio? Trovão?
O que seria?

As janelas continuavam fechadas,
Intactas
Os móveis, cada um, em seu lugar
Mas a porta, ah, a porta!
Esta se abrira

Esperei que a Manhã chegasse,
Seria maravilhoso recebê-la

Em poucas horas ela chegaria,
Decidi escancarar as janelas todas
E, depois disso, ficar à entrada de casa

Ao clarear o dia, sem um minuto de atraso,
Ela chegou
Emocionada, eu disse:
Entre, por favor!

Sorridente, replicou:
Será um prazer!

Meus móveis sorriam
Faziam do dia um momento mais que especial

Ela sentou-se
E, por um instante, hesitei:
Não sabia ao certo o que dizer

Mas, danada que era, ela me conhecia
Olhando em meus olhos, pronunciou:
Não é preciso dizer nada;
Feche os olhos, prepare a alma
E sorria, menina:
Sorria, que não esqueci-me de você

De olhos fechados, aguardei o que estava por vir
E então, ela me disse:
Eu trouxe a música,
Chegou sua hora de ouvir



Giovana da Rocha