Pesquisar este blog

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Saravá, Omulu!

Tô nervoso e triste,
Agonia pra mais de mês
De ansiolítico já tô farto
Vou lá no terreiro,
Que pros guias não tem vez

Vou sim,
Vou no terreiro,
Que é pro guia dar conselho
Vai ser bom, lá
Ele tem ajuda do orixá

Minha perna tá inchada,
Não ando,
Só consigo me arrastar
Não sei mais o que faço
Doutor nenhum foi capaz de me curar

Dormec, diurit, clorana
Nenhum desses adiantou
Essa dor tirana,
Vou buscar o meu mentor

Lá na rua encontrei Dona Vitória,
Ela teve inchaço tipo o meu
Disse que Omulu iluminou o guia
E a curou antes que acabasse o dia

Omulu é orixá dos bons,
Dos que fazem dor virar alívio

O doutor não me acalmou,
O remédio não funcionou
O jeito é ir pro terreiro,
Que de lá eu volto inteiro

Dona Vitória se deu bem,
Contou que o guia é calmo como ninguém

Omulu vai acalmar o espírito,
Vai tirar a minha dor
Eu creio no bem do terreiro,
Ele é maior que qualquer doutor


Giovana da Rocha




















Poema apresentado na avaliação de Studium Generale do 2º Período da Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos. Data: 18/09
Conceitos escolhidos: religiosidade e medicina popular.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

D I C O T O M I A

Aquele jeito, que asco me dá!
Aquelas palavras, tão suaves e macias, 
Quem diria!

O olhar que brilha, como alguém encantado,
É mentira!

Na contramão do caminho, a sargenta:
Tão insensível e inabalável
A sargenta
Que de sargenta nada tem!
É tudo mentira

Nem ele, nem ela
Nada
Nenhum deles existia!

Amigos, abram os olhos!
Nunca, em hipótese alguma, se deixem levar:
O jeito grácil, quase inofensivo, é mentira!
Que horror, que repúdio me dá!

Mulheres e homens, escutem:
As palavras doces que embevecem,
Empacotam a alma e te levam ao paraíso
São insultos, deboches

Atentem-se!
E, em hipótese alguma, se julguem diferentes
Vai ser mentira!
Pois somos todos iguais

Os olhares que brilham
Não têm brilho algum
Eles apenas refletem:
Refletem o brilho das carnosas e fedorentas fezes
Evacuadas e declamadas com muito esmero,
Pensadas em você!

Não se deixem levar pelos olhares,
Eles até existem,
Mas brilham para qualquer tolo:
Brilharam para mim,
E mal vêem a hora de brilhar por você

Tire essa farda suja e mentirosa,
Jogue-a fora!
Você não é tão forte,
Você também quer aceitar as mãos suaves
E as palavras doces e macias!

Então repito:
A farda não faz o sargento,
E sargentos não existem

O mundo é dicotômico:
Há os brutos e os frágeis
E, é claro, alguns brutos bem trajados

Por isso, prefiram os olhares tolos
Os jeitos bobos e que não encantam tanto

Tudo, quando brilha e parece perfeito demais,
É mentira!

Repito o conselho:
Usar farda não te torna sargento
E sargentos não existem

O mundo é dicotômico

Há brutos e frágeis,
E antes tolo do que bruto
Pois o tolo não machuca
E não te entorpece com mentiras



Giovana da Rocha