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terça-feira, 25 de abril de 2017

Sobrevivência é a lei da vida

Ateio fogo
Incendeio
Maldigo
Destruo

Que vá para o inferno
Que se foda essa desgraça
Que é a vida

Palhaçada
Show de horrores
Tira a gente do berçário
E põe num tatame

Porrada 
E mais porrada

Caralho,
A gente é iniciático, 
E com quem a gente luta?

Boa noite a todos,
Rede Bobo está no ar
Hoje é dia de MMA
A luta promete
Deem as boas-vindas a
Otário Fracasso
e
Anderson Silva

Otários,
Não preciso de um nocaute
3 a menos dentes, cara inchada
E 2 ossos quebrados
Eu não preciso disso pra aprender
Que sou um bosta

A gente apanha,
E aceita como fato
Alguns se matam
Outros aprendem a bater
Sobrevivência é a lei da vida

Me pergunto 
A gente apanha tanto
E não pode nem chorar

Faço monólogos
Podiam ser narrativas, discursos, crônicas
Mas monólogo combina mais,
Espelha-se na vida
Você sabe que ninguém vai ouvir
E os que ouvirem,
Não terão escutado
Então você grita
E nada
Então você escreve
E depois fala sozinho
Você 
Pensa mais, por vezes fala
Finge que escreve, 
E fala sozinho
Até porque as pessoas têm ouvidos
Mas quem disse que para ouvir?


Que não estou no páreoEnfia um Anderson Silva
A gente leva porrada
E aprende, é fato
Mas q

domingo, 23 de abril de 2017

Black bird

Um passarinho,
Pequeno, preto e triste,
Veio até mim
Trouxe-me um recado cujas linhas diziam:
"Não há coração para toda a dor
Eu entendo, eu entendo a sua dor
Eu não te julgo, menina
Respeito toda e qualquer decisão
São válidas todas e quaisquer estratégias
Contanto que acabem com essa solidão."
Ele era preto, sim
Mas nenhum,
Por mais branco que fosse,
Traria tamanha paz



Giovana da Rocha

terça-feira, 11 de abril de 2017

GRITARIA

Pra quê forçar a voz? Alguém ouviria?
Cordas vocais não são nada quando o mundo é gritaria
.
Voz é barulho, nascido e feito pro silêncio
Entenda.
Não adianta gritar enquanto o mundo for gritaria

Se preciso for, saia
Ou mude-se de lugar
Só não se demore
E não perca tempo onde não podem te escutar



Giovana da Rocha

domingo, 2 de abril de 2017

Autodeclarada sobrevivente

Costumava gostar de você
Forte
Prolongado
Leve
Breve 
Do jeito que fosse

Eu não pedia muito
Eu só queria senti-lo em mim

Chamava
Nunca vinha
Eu era inteira, mas eu queria aquele sopro
Que me chacoalhasse
E tirasse a poeira

Faltava o sopro,
Sopro que viesse,
Que mostrasse ao mundo para que as cortinas servem

Acostumei-me a ser cortina
- Não de verdade - 
Mas cortina de enfeite

Enfeitava sua janela
Enquanto você tirava férias

Ansiosa,
Estática
Perdi a conta:
Foram dias
Tardes
Noites 
Vendo através das janelas 
Nosso velho jardim
- hoje mato esturricado
terreno abandonado
deserto 
semi-árido sem fim- 

Ainda não entendo:
Você me escolheu
Dependurou-me
Disse que seria cortina
Que era pra embelezar a casa

Depois calou-se
Tirou férias,
Partiu

O destino? Malibu

Malibu deve ser mesmo linda
De certo, envolvente

Maldita seja
Maldita Malibu

Fiquei triste
Adoeci tentando entender

Você dizia que eu era linda
E que estava feliz com o nosso jardim

Mentiroso
Mascarou a verdade
Mentiu
Não me disse
Por que não contou?
Que minha função era não ser nada?

As férias acabaram
Aguentei firme
Da maneira que pude

Mais dias
Meses
Um
Dois
Três anos

Férias prolongadas

Eu perdoei-te,
O tempo todo

Você brincou comigo,
Mas com o tempo não se brinca,
Ele não perdoa:

Fez ao suporte o que faz com os ossos 
E às argolas o que faz aos dentes

Hoje sou o que restou
Autodeclarada sobrevivente
Argola presa à madeira podre,
Que já não segura os panos direito

Houve um tempo 
Em que busquei válvulas de escape
Hoje agarro-me na esperança de encontrar 
Alguém
Algum ser empático
Que se interesse em ajudar-me a fazer
O que já não consigo sozinha

Alguém que ofereça reparo 
A essa destruição que sofrem os seres trocados
Abandonados
Deixados sozinhos
Sem qualquer motivo



Giovana da Rocha