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sábado, 21 de novembro de 2020

Versos urgentes: a vida, mudanças e repentes

Não, não adianta fazer esse olhar esquivo 

A tua angústia continua aí, escancarada 

Você pode procurar outros cantos, mas vai ser encontrado 

Acontece, meu bem, que não sou eu que te procuro 

Nem é minha culpa se temos nos encontrado 


Você mostra um medo tolo, de moleque assombrado 

Não há o que temer, você  sabe

 Tem essa coisa: fluida, sublime, que arde 

Começa aqui dentro e, quando a gente vê, transcende, transborda, espalha 

É isso? É isso que te assusta? 


Te vejo em negação e, confesso, é  das coisas que mais me entristecem 

A tua indiferença encobre um medo 

Teu maior impedimento é você mesmo 

Você disfarça, com vestes baratas que não encobrem, 

A covardia de quem teme a mudança 


Eu gostava de te olhar, só por olhar mesmo!

Teu jeito sério e comprometido, tem um quê de artista, algo de mestre 

Tão bom em decifrar o outro, mas por que não olha o próprio umbigo? 


Meu bem, os anos passaram e você não aprendeu a mais importante lição? 

É preciso abraçar a vida e os seus repentes 

Não de qualquer jeito, com coragem e entusiasmo! 


Mas, sabe, eu tive o tempo que precisava 

Hoje eu sei da tua sagacidade 

Você há muito percebeu a cronologia e o que tinha nas entrelinhas daquilo que escrevo 

De fato, o início desses versos coincide com o começo da nossa história 

Que existe, apesar de não termos vivido 

Só não percebeu que o tempo, invariavelmente, verso a verso, passou 


E hoje, não há mais muito a ser dito, só que ando cansada 

E por esse motivo, nem preciso pensar em outros, encerro este poema 

Com um verso que não é meu, pois estava com preguiça 


Deixo-te um verso de Clarice, 

Que fala de  histórias como a nossa, sem começo: 

“Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo”.



Giovana da Rocha

sexta-feira, 6 de julho de 2018

I miss you

Where are you that touched my wounds without them opening? Where are you who thinks I runned away when I was running from Ghosts? Where did you go? Can I reach you if I run from here, right now? It would be amazing to split the way by your side. I could tell you my story... I would do my best to seem less confusing, or troubled!

I would speak about the parts that hurt me. And take the risk of exposing myself by pointing out every detail that matters. Oh, my darling, I lived so many horrors that I'm afraid, too afraid of them repeating. I feel a constant fear of having my weakness exposed.

Please try to understand: I knew a lot of dirt.
Not because I wanted to. Actually, I didn't want to, but they chose not to hear me. I was clean, and suddenly I was dirty. First, they blocked my mouth from screaming. And held me so strong ... that I could not escape.

Oh, it's so much thing. I think I'd get lost in the beggining. But truth is that, from that moment on, I always run away. Cause people seem evil and I'm not used to good things happening to me.

Forgive me... please, for the good I have not done. I was looking throw your good eyes and trying to find some devil inside. I was too afraid of the potential bad you could also do to me.

domingo, 28 de janeiro de 2018

Semana passada, o morro do Azulzinho teve suas estruturas abaladas. As chuvas torrenciais fizeram um grande estrago. É tanto pesar... acaba comigo ver tantas lágrimas escorrendo por rostos que mereciam estar felizes. A reportagem que fiz foi há exatos sete dias, e aquele cenário mantém-se vivo em minha mente. Posso ver com a nitidez de quando estive diante daquele caos. Não é possível, não é justo tamanha dor. Por isso digo que há algo de belo nisso. Confio que há. Foi uma tempestade muito forte, lares desmoronaram, a cidade alagou-se. Dezessete mortos e centenas de feridos. Deus não seria tão indiferente!
Deve haver algo de bonito nisso. Veja bem: ainda ontem, Dona Maria, que está hospedada em casa, contou que perdeu quase todos os seus móveis devido à queda do teto da casa. Disse que nem viu nada disso acontecer. Estava apavorada procurando seus meninos pela rua... eles tinham saído horas antes pra brincar. Azarada ou sortuda? Bem, ela perdeu tudo, mas se não tivesse saído, talvez fosse mais um número das estatísticas de mortos e feridos. Não estou dizendo que acho bom qualquer que seja o tipo de tragédia. É só que não seria justa a vida se só trouxesse dor.
Ela machuca, mas traz coisas belas após. Ela leva muito, mas o pouco que resta, seja a esperança de um amanhã melhor, seja o apoio de amigos e familiares queridos, ou mesmo uma lembrança boa... tanto faz! O fato é que nesse instante em que nos vemos sem rumo e nos deparamos com a saída toda apagada, as boas escolhas surgem. Nessa hora, entendemos com maior clareza o que importa e o que pode ficar para depois.
Quando sobrevivemos a algo que abala nossas estruturas e sufoca nossas entranhas a ponto de pensar que não será possível sobreviver, nos vemos na obrigação de fazer algo, de rascunhar um novo início, de mudar. Vemos que ainda não fizemos e nem fomos o suficiente. Passamos a dar mais tempo e carinho àqueles que nos amam porque já sentimos na pele o sopro que a vida dá. E finalmente entendemos que quem está aqui hoje, não há garantias de que amanhã vá estar. A gente percebe o quão importante é investir em quem somos, lutar pelo que acreditamos e dedicar-nos mais a quem amamos. Que todo o resto, apesar de importante, podemos deixar para depois.
Há uma semana, inúmeras almas tiveram suas vidas abaladas. Precisaram reerguer suas casas. E reescrever suas histórias. É tanta gente corajosa buscando força que posso sentir daqui. É um povo lindo. Eles vão cuidar de si, e vão deixar o Azulzinho ainda  mais bonito. E como eu sei disso tudo? Porque é um povo forte. Têm sangue de guerreiros.
Anota aí: o povo resiste. O morro resiste. E amanhã, eu juro, o dia nascerá melhor. 

domingo, 24 de dezembro de 2017

E que venha mais um ano!

Apesar de ter sido um ano de mudanças e algumas dores, agradeço a 2017. Sei que valeu a pena e que tudo foi necessário para eu hoje ser quem sou.

Nessa jornada, testei meus limites, desafiei meus sentimentos, descobri horrores, vivi maravilhas, presenciei milagres e passei por inúmeras provas. 
Foi o ano em que finalmente entendi que não temos controle sobre a vida, mas que podemos comandar e decidir o que faremos dela.

Também tive a sorte de partilhar momentos e de experimentar a doçura de pessoas que, assim como eu, já sentiram o gosto do amargo. 
Fiz novos amigos, me reinventei, me aprimorei, me respeitei, me valorizei. Foi um período de ressignificação. 
Não foi perfeito, mas é por isso que os dias nascem após as noites, de vinte e quatro em vinte e quatro horas: para que resolvamos as pendências dos dias anteriores e tenhamos novas oportunidades de melhorar quem somos. 
E pra quem não esperava, aqui estou: vivíssima e pronta para o próximo ano. Aguardando os novos aprendizados e desafios que virão.

Eu antes temeria e ficaria imaginando como seria 2018. Mas estou tranquila, pois independente do que aconteça, sei que sou forte o suficiente para lutar. E que tenho o amor necessário para continuar doce e feliz.

Agradeço àqueles que chegaram e àqueles que partiram; às relações que se romperam e aos vínculos que surgiram. Cada um, à sua maneira, foi essencial para eu "ser" como "estou". E dou boas vindas ao que vier, pronta e preparada para também me despedir do que tiver que ir.

Sigo em mudança, leve e satisfeita. Nada foi perfeito ou conforme o planejado, mas do jeito que precisava ter sido.

E que venha mais um ano!
🙏 

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Ando bem, estou bem. Sigo firme, em frente. Mas carrego um sentimento ruim.
Sinto raiva. Não consigo aceitar.
Dói saber que fui tratada como lixo. Que fui usada, manipulada e constantemente culpada pelo que não fiz. Era pra eu ser única, e fui uma (de não sei quantas). É de rasgar o peito tamanha dor.
Embora ser doente seja horrível, de fato torço para que seja isso. Seria mais fácil entender que toda essa chacina, esse filme de terror, foi causada/o por uma mente doente do que por alguém sem qualquer resquício de escrúpulos ou remorso.

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Já se foi o tempo de chuva

Hoje o céu amanheceu tão lindo e claro. Já se foi o tempo de chuva... e também o de chorar. Olho para o espelho e me vejo mais segura. Olho para o céu e me sinto grata. Sinto uma energia boa que, feito música, me faz vibrar. Começou por dentro e foi envolvendo-me, até a pele arrepiar... depois tirou-me da cama e me colocou pra dançar.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Semiologia da Bad

Dentro do peito tem um espaço
Todo oco à percussão
A ele associa-se uma dor paroxística
Às vezes em aperto, outras em queimação

Também tem uma massa na garganta
Tão grande e compressiva,
Que deixa o ar pesado e difícil de passar

Talvez algum envolvimento no SNA
Já que os olhos andam muito encharcados
Difíceis de secar

Fora isso, uma considerável hipotensão
Por perda volêmica, chega a ser fácil pressupor

Inúmeros vasos extravasando sangue
Pros interstícios e cavidades dessa alma
Toda chocada, difícil de estabilizar

Disseram para ficar calma
Que é assim que ela se limpa
E que esse mal não costuma matar

Mas não me foi dito o mais importante:
Quanto tempo será preciso
Pra que o quadro se estabilize
E que eu enfim possa me curar

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Segurança é lugar. É onde você expõe suas feridas e se sente amparado.

Paz é momento. É aquele instante de fechar os olhos e sentir o vento tocando seu rosto, bagunçando o penteado.

Alegria é olhar para dentro de si e sentir-se bem e completo.

Companheirismo é não precisar olhar para os lados pra saber se está acompanhado.

Já a felicidade é aquilo que surge quando você, em paz e satisfeito consigo, sabe que está cercado de pessoas que não ligam para suas marcas e que estariam dispostas a percorrer o mundo ao seu lado.




sexta-feira, 26 de maio de 2017

..

Não perca a doçura
Nunca deixe de amar
Você só experimentou a amargura
De quem não sabe te valorizar

sábado, 20 de maio de 2017

.

I'd rather believe you're a completely sick man.
It would be less painful.
But I'm afraid your problem is in character.
Much worse.

VIVER

Viver é
Dar a cara pra bater

É subir no tatame
Sem nunca ter lutado

É carregar as dores do mundo
E não poder enterrá-las,
Em algum ponto do percurso,
Quando já estiver bem cansado

É levar tiros de bala perdida
É apanhar sem meter-se em briga
É ser apunhalado pelas costas
Por falsos amigos

Viver é
Amar e não ser amado
É doar-se e não ser retribuído

É ser lembrado quando precisam
E o resto do tempo,
Ser completamente esquecido

Viver
Não é mesmo fácil
Dá vontade de sumir, fugir
E mandar tudo à merda

Viver poderia ser,
Num instante de sorte e coragem,
Encontrar um ponto final
Pra colocá-lo no lugar da próxima vírgula

Viver poderia ser,
Graças a esse ponto,
Pôr fim a essa história injusta
Que desgasta tanto
E só nos machuca

sábado, 6 de maio de 2017

Homens

Os homens sem família
Dormem sem abrigo
Os homens sem amigos
Conversam sozinhos
Os homens descalços
Não se queimam no asfalto
Os homens sem agasalho
Resistem ao frio
Os homens sem dinheiro
Imploram migalhas

São homens de braços fracos
Que lutam pela vida
E homens analfabetos
Com histórias sofridas

São homens:
De olhos, boca
Ossos e carne

São homens que caminham desapercebidos
Homens que carregam histórias
E não as compartilham

São homens cansados
Que já nem tentam ser ouvidos


sexta-feira, 5 de maio de 2017

Menina que sorria:
Contente, às vezes
Todo o tempo, sombria
Você já sabia. Era previsto, esperado. E mesmo assim, quando acontece, você se surpreende. Por que? Não era pra ser assim... não era.

quarta-feira, 3 de maio de 2017















Deixei a plateia, e subi.
Fiz-me palco, roteirista, atriz.
E então apresentei-me às minhas próprias introspecções

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Instante infinito

Tão bons aqueles instantes,
Ainda que breves,
Em que você está no comando
Da própria vida

Você define as rotas
E manda as frotas seguirem
Pelo rumo escolhido

Quem dera pudesse,
Num desses instantes,
Sonhar que tudo é permitido

Eu aprisionaria o tempo
Só pra criar um instante infinito

Tão lindo seria
Para sempre escrever a própria história
Sem precisar mudá-la 
A cada pedra que surgisse

Quem dera pudesse,
Sem a interferência de terceiros,
Poder tomar as rédeas,
Ser autor e dono do próprio destino




Giovana da Rocha

terça-feira, 25 de abril de 2017

Sobrevivência é a lei da vida

Ateio fogo
Incendeio
Maldigo
Destruo

Que vá para o inferno
Que se foda essa desgraça
Que é a vida

Palhaçada
Show de horrores
Tira a gente do berçário
E põe num tatame

Porrada 
E mais porrada

Caralho,
A gente é iniciático, 
E com quem a gente luta?

Boa noite a todos,
Rede Bobo está no ar
Hoje é dia de MMA
A luta promete
Deem as boas-vindas a
Otário Fracasso
e
Anderson Silva

Otários,
Não preciso de um nocaute
3 a menos dentes, cara inchada
E 2 ossos quebrados
Eu não preciso disso pra aprender
Que sou um bosta

A gente apanha,
E aceita como fato
Alguns se matam
Outros aprendem a bater
Sobrevivência é a lei da vida

Me pergunto 
A gente apanha tanto
E não pode nem chorar

Faço monólogos
Podiam ser narrativas, discursos, crônicas
Mas monólogo combina mais,
Espelha-se na vida
Você sabe que ninguém vai ouvir
E os que ouvirem,
Não terão escutado
Então você grita
E nada
Então você escreve
E depois fala sozinho
Você 
Pensa mais, por vezes fala
Finge que escreve, 
E fala sozinho
Até porque as pessoas têm ouvidos
Mas quem disse que para ouvir?


Que não estou no páreoEnfia um Anderson Silva
A gente leva porrada
E aprende, é fato
Mas q