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segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Semiologia da Bad

Dentro do peito tem um espaço
Todo oco à percussão
A ele associa-se uma dor paroxística
Às vezes em aperto, outras em queimação

Também tem uma massa na garganta
Tão grande e compressiva,
Que deixa o ar pesado e difícil de passar

Talvez algum envolvimento no SNA
Já que os olhos andam muito encharcados
Difíceis de secar

Fora isso, uma considerável hipotensão
Por perda volêmica, chega a ser fácil pressupor

Inúmeros vasos extravasando sangue
Pros interstícios e cavidades dessa alma
Toda chocada, difícil de estabilizar

Disseram para ficar calma
Que é assim que ela se limpa
E que esse mal não costuma matar

Mas não me foi dito o mais importante:
Quanto tempo será preciso
Pra que o quadro se estabilize
E que eu enfim possa me curar

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Segurança é lugar. É onde você expõe suas feridas e se sente amparado.

Paz é momento. É aquele instante de fechar os olhos e sentir o vento tocando seu rosto, bagunçando o penteado.

Alegria é olhar para dentro de si e sentir-se bem e completo.

Companheirismo é não precisar olhar para os lados pra saber se está acompanhado.

Já a felicidade é aquilo que surge quando você, em paz e satisfeito consigo, sabe que está cercado de pessoas que não ligam para suas marcas e que estariam dispostas a percorrer o mundo ao seu lado.




sexta-feira, 26 de maio de 2017

..

Não perca a doçura
Nunca deixe de amar
Você só experimentou a amargura
De quem não sabe te valorizar

sábado, 20 de maio de 2017

.

I'd rather believe you're a completely sick man.
It would be less painful.
But I'm afraid your problem is in character.
Much worse.

VIVER

Viver é
Dar a cara pra bater

É subir no tatame
Sem nunca ter lutado

É carregar as dores do mundo
E não poder enterrá-las,
Em algum ponto do percurso,
Quando já estiver bem cansado

É levar tiros de bala perdida
É apanhar sem meter-se em briga
É ser apunhalado pelas costas
Por falsos amigos

Viver é
Amar e não ser amado
É doar-se e não ser retribuído

É ser lembrado quando precisam
E o resto do tempo,
Ser completamente esquecido

Viver
Não é mesmo fácil
Dá vontade de sumir, fugir
E mandar tudo à merda

Viver poderia ser,
Num instante de sorte e coragem,
Encontrar um ponto final
Pra colocá-lo no lugar da próxima vírgula

Viver poderia ser,
Graças a esse ponto,
Pôr fim a essa história injusta
Que desgasta tanto
E só nos machuca

sábado, 6 de maio de 2017

Homens

Os homens sem família
Dormem sem abrigo
Os homens sem amigos
Conversam sozinhos
Os homens descalços
Não se queimam no asfalto
Os homens sem agasalho
Resistem ao frio
Os homens sem dinheiro
Imploram migalhas

São homens de braços fracos
Que lutam pela vida
E homens analfabetos
Com histórias sofridas

São homens:
De olhos, boca
Ossos e carne

São homens que caminham desapercebidos
Homens que carregam histórias
E não as compartilham

São homens cansados
Que já nem tentam ser ouvidos


sexta-feira, 5 de maio de 2017

Menina que sorria:
Contente, às vezes
Todo o tempo, sombria
Você já sabia. Era previsto, esperado. E mesmo assim, quando acontece, você se surpreende. Por que? Não era pra ser assim... não era.

quarta-feira, 3 de maio de 2017















Deixei a plateia, e subi.
Fiz-me palco, roteirista, atriz.
E então apresentei-me às minhas próprias introspecções

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Instante infinito

Tão bons aqueles instantes,
Ainda que breves,
Em que você está no comando
Da própria vida

Você define as rotas
E manda as frotas seguirem
Pelo rumo escolhido

Quem dera pudesse,
Num desses instantes,
Sonhar que tudo é permitido

Eu aprisionaria o tempo
Só pra criar um instante infinito

Tão lindo seria
Para sempre escrever a própria história
Sem precisar mudá-la 
A cada pedra que surgisse

Quem dera pudesse,
Sem a interferência de terceiros,
Poder tomar as rédeas,
Ser autor e dono do próprio destino




Giovana da Rocha

terça-feira, 25 de abril de 2017

Sobrevivência é a lei da vida

Ateio fogo
Incendeio
Maldigo
Destruo

Que vá para o inferno
Que se foda essa desgraça
Que é a vida

Palhaçada
Show de horrores
Tira a gente do berçário
E põe num tatame

Porrada 
E mais porrada

Caralho,
A gente é iniciático, 
E com quem a gente luta?

Boa noite a todos,
Rede Bobo está no ar
Hoje é dia de MMA
A luta promete
Deem as boas-vindas a
Otário Fracasso
e
Anderson Silva

Otários,
Não preciso de um nocaute
3 a menos dentes, cara inchada
E 2 ossos quebrados
Eu não preciso disso pra aprender
Que sou um bosta

A gente apanha,
E aceita como fato
Alguns se matam
Outros aprendem a bater
Sobrevivência é a lei da vida

Me pergunto 
A gente apanha tanto
E não pode nem chorar

Faço monólogos
Podiam ser narrativas, discursos, crônicas
Mas monólogo combina mais,
Espelha-se na vida
Você sabe que ninguém vai ouvir
E os que ouvirem,
Não terão escutado
Então você grita
E nada
Então você escreve
E depois fala sozinho
Você 
Pensa mais, por vezes fala
Finge que escreve, 
E fala sozinho
Até porque as pessoas têm ouvidos
Mas quem disse que para ouvir?


Que não estou no páreoEnfia um Anderson Silva
A gente leva porrada
E aprende, é fato
Mas q

domingo, 23 de abril de 2017

Black bird

Um passarinho,
Pequeno, preto e triste,
Veio até mim
Trouxe-me um recado cujas linhas diziam:
"Não há coração para toda a dor
Eu entendo, eu entendo a sua dor
Eu não te julgo, menina
Respeito toda e qualquer decisão
São válidas todas e quaisquer estratégias
Contanto que acabem com essa solidão."
Ele era preto, sim
Mas nenhum,
Por mais branco que fosse,
Traria tamanha paz



Giovana da Rocha

terça-feira, 11 de abril de 2017

GRITARIA

Pra quê forçar a voz? Alguém ouviria?
Cordas vocais não são nada quando o mundo é gritaria
.
Voz é barulho, nascido e feito pro silêncio
Entenda.
Não adianta gritar enquanto o mundo for gritaria

Se preciso for, saia
Ou mude-se de lugar
Só não se demore
E não perca tempo onde não podem te escutar



Giovana da Rocha

domingo, 2 de abril de 2017

Autodeclarada sobrevivente

Costumava gostar de você
Forte
Prolongado
Leve
Breve 
Do jeito que fosse

Eu não pedia muito
Eu só queria senti-lo em mim

Chamava
Nunca vinha
Eu era inteira, mas eu queria aquele sopro
Que me chacoalhasse
E tirasse a poeira

Faltava o sopro,
Sopro que viesse,
Que mostrasse ao mundo para que as cortinas servem

Acostumei-me a ser cortina
- Não de verdade - 
Mas cortina de enfeite

Enfeitava sua janela
Enquanto você tirava férias

Ansiosa,
Estática
Perdi a conta:
Foram dias
Tardes
Noites 
Vendo através das janelas 
Nosso velho jardim
- hoje mato esturricado
terreno abandonado
deserto 
semi-árido sem fim- 

Ainda não entendo:
Você me escolheu
Dependurou-me
Disse que seria cortina
Que era pra embelezar a casa

Depois calou-se
Tirou férias,
Partiu

O destino? Malibu

Malibu deve ser mesmo linda
De certo, envolvente

Maldita seja
Maldita Malibu

Fiquei triste
Adoeci tentando entender

Você dizia que eu era linda
E que estava feliz com o nosso jardim

Mentiroso
Mascarou a verdade
Mentiu
Não me disse
Por que não contou?
Que minha função era não ser nada?

As férias acabaram
Aguentei firme
Da maneira que pude

Mais dias
Meses
Um
Dois
Três anos

Férias prolongadas

Eu perdoei-te,
O tempo todo

Você brincou comigo,
Mas com o tempo não se brinca,
Ele não perdoa:

Fez ao suporte o que faz com os ossos 
E às argolas o que faz aos dentes

Hoje sou o que restou
Autodeclarada sobrevivente
Argola presa à madeira podre,
Que já não segura os panos direito

Houve um tempo 
Em que busquei válvulas de escape
Hoje agarro-me na esperança de encontrar 
Alguém
Algum ser empático
Que se interesse em ajudar-me a fazer
O que já não consigo sozinha

Alguém que ofereça reparo 
A essa destruição que sofrem os seres trocados
Abandonados
Deixados sozinhos
Sem qualquer motivo



Giovana da Rocha

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Arritmia

O que tem de café hoje?
Nossa, que fila!
Espera
Espera
E
s
p
e
r
a
Espera
Chega a vez,
Sorri, levanta o crachá,
E diz: Bom dia!
Ele responde: Bom dia!
Meu Deus, como gostaria de explicar
De transformar em palavras o que aconteceu de diferente
Naquele dia,
Naquele bom dia
Coração bateu forte, devagar, rápido!
Arritmia
Quem era esse,
O maluco maravilhoso do bom dia?



Giovana da Rocha

sábado, 29 de outubro de 2016

APESAR

Apesar da dor,
Do medo,
Da insegurança

Apesar de tudo,
Das migalhas e da miséria,

Insistia
Tentava
E Fingia

Tentava ser quem não era,
Fazer o que não podia
E crer até no que não cria 

Deixava de ser quem era 
Só pra ser quem ele gostaria

E, mesmo assim,
Foi pouco,
Muito pouco

E se fizesse mais,
Não seria o bastante

Ele só se contentaria
Quando tirasse dela
Aquele que ainda batia



Giovana da Rocha

D O R

Depois de tantos tombos, tapas e porradas, a gente produz morfina. A gente passa a se defender da dor. A gente se torna imune a ela.



Giovana da Rocha

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Saravá, Omulu!

Tô nervoso e triste,
Agonia pra mais de mês
De ansiolítico já tô farto
Vou lá no terreiro,
Que pros guias não tem vez

Vou sim,
Vou no terreiro,
Que é pro guia dar conselho
Vai ser bom, lá
Ele tem ajuda do orixá

Minha perna tá inchada,
Não ando,
Só consigo me arrastar
Não sei mais o que faço
Doutor nenhum foi capaz de me curar

Dormec, diurit, clorana
Nenhum desses adiantou
Essa dor tirana,
Vou buscar o meu mentor

Lá na rua encontrei Dona Vitória,
Ela teve inchaço tipo o meu
Disse que Omulu iluminou o guia
E a curou antes que acabasse o dia

Omulu é orixá dos bons,
Dos que fazem dor virar alívio

O doutor não me acalmou,
O remédio não funcionou
O jeito é ir pro terreiro,
Que de lá eu volto inteiro

Dona Vitória se deu bem,
Contou que o guia é calmo como ninguém

Omulu vai acalmar o espírito,
Vai tirar a minha dor
Eu creio no bem do terreiro,
Ele é maior que qualquer doutor


Giovana da Rocha




















Poema apresentado na avaliação de Studium Generale do 2º Período da Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos. Data: 18/09
Conceitos escolhidos: religiosidade e medicina popular.