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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O mesmo céu que representa a infinitude é aquele que, quando temido, limita o homem à pequenez.
Giovana da Rocha. 

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Ser digno é relativamente fácil, quando se tem comida na mesa. Difícil mesmo é dar a um pobre faminto a chance de viver com dignidade.
Giovana da Rocha.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A procura - a vida e o legado de um Homem

"Procuro um homem". Alguém arriscaria dizer que é conversa de mulher "encalhada". Outros poderiam pensar apenas em alguém na tentativa de encontrar uma certa pessoa. Saber para onde ela foi, aonde está, ou em qual cidade está residindo. Comum pensar dessa forma. Ao menos, o esperado. Mas não foi isso que Diógenes de Sínope quis dizer. Diógenes falava de honra, de honestidade, de esperança. Habitando um barril e vagando por todos os cantos com uma lamparina em mãos, à procura do "não", o filósofo costumava repetir a frase a quem lhe desse ouvidos: "Procuro um homem". Incompreendido. Era um indivíduo a frente do tempo. Não digo a frente de seu tempo, porque o legado de Diógenes percorreu séculos e mantém-se ainda a frente do tempo. Do nosso tempo.
Pelas ruas que percorria, só o que encontrava eram excessos, e fracassados. O senso comum, a coerção, as amarras. A isso tudo era preciso o "não". Mas quem proferiria tal palavra? Talvez alguns. Talvez, não. Alguns, com certeza, disseram, e dizem hoje. Mas nada mudou! "Rebelaram-se" contra as convenções sociais, declararam em público serem a oposição. Oposição ou "farinha do mesmo saco"? A esses, o desprezo de um pensador cínico.
Era preciso alguém capaz de honrar as palavras, e que as pusesse em prática. Não foi isso que ele encontrou. Ninguém compreendeu que não havia segredo. A essência era o próprio segredo.
Bom. Talvez o mundo seja "ultra-determinista". E nós, de fato, um produto dele. Não acha? Como poderia o homem ser bom se as instituições instauram leis manipuladas? O que me diz quanto à felicidade vendida? E quanto à verdade mascarada?
Seria possível, em meio à grande massa, alguém, alguma pessoa, renunciar a tudo que a prende? Aos costumes, ao bem material, aos valores sociais e à ética imoral? Crer em possibilidades tão ínfimas cabe somente à Esperança. Diógenes tentou. Procurou um homem. Quem sabe um dia, dentre tantos humanos, um homem dê sinal de vida. Não sejamos descrentes. Talvez, um dia, a lamparina de Diógenes se acenda. Talvez ela seja a tão famosa "luz no fim do túnel"."



Giovana da Rocha


Para saber mais a respeito de Diógenes de Sínope, recomendo: http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=30

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Hey!

Hello, friends. I'd like to say "thank you" to all the people who visited my page. In answer to some questions, my topics are all written by me. I'm glad you all appreciated my publications. Sorry for my delay. I have just found out a tool of spams, and your comments were in it. If you still visite me, send me your links because I can't find your pages only with its names, and i'd like so much to follow you all. I don't write regularly, only when inspiration comes. Hope you understand. Thanks for visiting. Giovana da Rocha

terça-feira, 23 de julho de 2013

Um mundo

Eu vivo num mundo
Num lugar bem diferente
Você talvez não o conheça,
Mas é bom preparar-se
Que ele um dia chega
E vem sem pedir licença
Espaçoso como qual,
Não perdoa ninguém
Esse mundo não é como o outro
Ele é surdo, cego, mudo e vazio
Nele, o Nada é somente quem vejo
Talvez seja porque ando tropeçando em reais
Ou porque, não mais que frequentemente,
Afogo-me nas ondas do Medo
 Perdida, fazer-me mártir
Creio que seja o melhor a ser feito
É que cansei-me
Cansei-me das oportunidades do crédito fácil
Cansei-me das facilidades
Das facilidades de um mundo liberal
Mundo liberal que é, no entanto, um tanto excludente
Eu vivo num mundo
Num lugar bem diferente
Eu vivo num mundo
Num mundo dormente

Giovana da Rocha

segunda-feira, 22 de julho de 2013

U.m; ho.m;e.m

Na escuridão solitária e fria, um homem sozinho
Uma solidão sem motivo aparente, de apenas vazio
E, no entanto, nota-se que ele não anda sozinho
Uma figura feminina se faz de companhia

Mas, nada disso condiz
Os gélidos olhos do homem escancaram uma alma perdida
Seus negros olhos refletem uma alma vazia

Um homem
Apenas isso

Por mais que ele ande acompanhado
É a Solidão quem lhe faz companhia












Giovana da Rocha


terça-feira, 16 de julho de 2013

Espirais

Daqui, do morro enevoado, pouco vejo. Forço os olhos. Tento acordar de um possível sonho. Uma tropa de soldados a marchar num ritmo lancinante e, ao mesmo tempo, apressado. Devaneios? Tudo tão lúcido que... hesito. Espere. Veja! Uma luz. Quer seja onde estou, o modo como a tropa se põe a correr é, no mínimo, bizarro. Magnânimo. Por todos os lados. Por todas as direções. Todos os  rumos. Homens. Soldados. Todos incrivelmente sincronizados. Alucinante! Meus olhos ardem. A mente confunde-se. Tudo tão estranho e... tão verdadeiro! Desgraça. Algo, alguém?! Ei! Alguém aí? Há quem possa me tirar daqui? Tremores. Tudo a tremer. Onde estou? Tão rápido. Tão abrupto! Pânico. Galhos, folhas, poeira, terra. Tudo girando. Uma força que leva. Que deforma. Definha. Os cabelos criam vida. Em cada fio, um gigante a despertar. E então a pouca força que tenho enceta a perecer. Não me pertenço, meu corpo foge de mim. Desconexa. Perdida. À busca. Céus! À busca de que? Não faço ideia. Cairiam bem algumas respostas. Controverso. Incerto. Desconhecido. Um mundo paralelo? Inapta para pensar. Um redemoinho. Aproxima-se. Corro. Em pânico. As pernas não resistem. O cansaço vence. Redemoinho se aproxima. Atormentante. Enfurecedor. Todos sugados! Eu e o que mais possa existir. Sugados. Hauridos por uma força que tudo leva. Adormeço. Inconsciente, o corpo parece estremecer. As vísceras bradam. A alma resiste. Sentidos enfraquecidos. O cheiro. Só sinto o cheiro. Envolvente. Alucinógeno. Os soldados? Onde estariam? Outra dimensão. A essência. Aqui, a névoa é sufocante. Fizeram-me da desgraça uma amiga. Aliada. Companheira. Cenário em mudanças. Cárceres. Avisto cárceres. Grades. Jaulas. Almas. Almas perdidas. E eu. Repugnante. Repulsivo! Tudo tão excessivo... O cheiro é parte de mim. Acostumei-me a ele. Envolvente! Simplesmente fascinante. Olhe! Ventos fortes se aproximam. Árvores caindo. Galhos voando. O vento me alcança. Tenho minhas dúvidas. Agonia. Serei eu capaz? Sobreviverei? Me poupe, querida. Ensandeceu? E isso aqui por um acaso é vida? Pequena imbecil. Os lábios tremem. Calafrios. Ardores. Arrastada para rumo algum. O cheiro persiste. Está em tudo. Quem dera pudesse eu defini-lo. Ao menos entendê-lo. Agora os ventos diminuem a velocidade. A mente, caótica, tenta entender do que se trata. O que estaria por trás disso? Avisto luzes. Luzes de todas as cores pairando. Estupendo! Ao fundo posso ver homens vestindo ternos, gravatas, chapéus. Tudo preto. Semblantes sombrios. Andam num ritmo silencioso. Instrumentos por todos os cantos. Harpas que voam. Irrequietas flautas transversais. Bem ao meu lado, um órgão. Um imenso órgão. Uma sinfonia de instrumentos. Instrumentos que não precisam de músicos! Macabro. A música? Não sei. De certo, uma melodia fúnebre. Voltemos aos homens. Para cada uma de suas mãos, uma mulher. Juntos, caminham até uma estreita porta dourada. Cor de ouro. Abeirando-a, vestem as damas com mantas. Olhos irritados. Não enxergo muito bem. O que fazem depois? Não sei.Vermelhas. É isso! São vermelhas... as mantas. Espere um pouco. Ei! De quem são essas mãos? Pare com isso! Tire essas mãos imundas de mim! Não! Sujeitinho endiabrado! Espere. Por que me prendeu? Volte aqui! Sono. Que sonolência inconveniente! Bem agora... Ei! Ainda não esqueci que me prendeu aqui, viu?! Dormi. Acabo de acordar. Incapaz de estimar o tempo que passei inconsciente. Estranho. Tudo ainda mais confuso. Quem são esses homens? O que fazem aqui? E quanto a mim? Paciência. Pense. Pense. É isso! Os cárceres. Trancafiaram-me em um deles. O que fazer? Corro por todos os lados. Chuto. Brado. Grito. AAAAAAAHHHHH! Marasmo horrendo! A cada instante, uma dose a menos de lucidez! Não estou bem. Gritos ecoam. Aparvalhada. Não consigo distinguir de onde vem. Grito feminino. De dor. Espirais rotatórios. Crescem. Expandem-se. Me deixo levar. Nostalgia. Paixão. Medo. Encanto. Ódio. Loucura. Espirais tomam conta de mim. E tudo desaparece. Quanto tempo se foi? Não se pergunte. A dúvida é minha. Só sei que caminho. Marcho. Ao meu lado, alguém. O cheiro me envolve. Embala. Marcho por vontades profanas. A mando de quem. De não sei quem. Do alto, tempestade cai. Raios em mim. Nexo algum. Conhecendo um mundo. Um universo em hemorragia. Não há pânico. Me desconheço. Tormentas. Apenas isso. A porta dourada se abre para mim. Eu me abro para ela. Nudez. Alma nua. Meu corpo veste vermelho. A manta vermelha. E o cheiro que fascina.

Giovana da Rocha














quarta-feira, 26 de junho de 2013

A vida se faz sombria quando o dia anoitece. O coração acelera quando a alegria está prestes a findar. Os ânimos sufocam toda vez que se vai algo bom. As razões se perdem quando o coração clama. A mente disputa com ele, e a alma se confunde. Desconheço o que destino espera de mim. Sem rumo, estou aqui. Os pensamentos, um tanto dispersos, ali. Caminhos tortuosos, e a lógica que mudou de time. Eu, repleta de tudo, que carrego um coração tão cheio de nada.
Giovana da Rocha

domingo, 23 de junho de 2013

domingo, 16 de junho de 2013

Amor Vira-lata

Uma cadelinha feia, porém graciosa. Talvez mais um dos cães que, por onde passam, exibem fome.

                                  
Naquela tarde -se não me engano, uma quinta-feira após a quarta-feira de cinzas- , saí antes para o serviço. Na calçada de casa repousava a pequenina. Pude sentir como aquele pobre e tísico animal clamava minha presença, a implorar um mínimo de atenção. Sentei-me então a seu lado enquanto aqueles olhos de vira-lata me diziam muito. Naquela incredulidade que só os animais têm, eu a via em tamanho estado de agonia que era possível ouvir gritos de dor. Acho que tudo não se passava de um protesto silencioso dos que berram escancaradamente onde ninguém faz questão de ouvir. Confesso que pouco conhecia da pobre: só o que sabia é que esta apareceu há alguns meses na vizinhança. Sabia também que é de seu costume, todas as tardes, passar bom tempo fronte à minha casa. Quando a noite cai, se eu não saio de casa e a levo um pedaço de pão, ela se põe a uivar até que, me dando por vencido, atendo aos seus pedidos.
Algo, no entanto, me tem consumido: me incomoda notar que se desenvolve em mim certo tipo de zelo crescente que é, ao mesmo tempo, tão imbecil por um animal tão... estúpido!
Foi ao parar para ver o horário, que os ponteiros me desesperaram: eu estava atrasado. Passei, então, dias a planejar algo que me solucionasse os problemas. Eu não queria(nem nunca desejei) o mal daquela cachorra. Solteiro, 41 anos, viúvo. Não seria má ideia fazer daquele cão uma companhia para mim. Não se eu fosse menos eu. Acontece que está surgindo um repúdio, ódio tolo, por aquele bicho. Sempre incomodaram-me pessoas que mendigam atenção, todos aqueles que demonstram dependência. E eu era agora um contraditório homem de 41 anos que passa dias e noites com a mente atormentada de tanto pensar em uma cachorra de rua!
Em algum sábado de "tempos novembrinos", quando meu sobrinho passava as férias em casa, fui ao mercado. Ao abrir a porta da frente, notei que na sala de estar a cachorra repousava sobre uma caixa de papelão forrada com o meu tapete persa. Em primeira instância, a vontade foi de mandar de volta para São Paulo aquele pirralho sem miolos! Garotinho atrevido... Mas, como disse em algumas linhas atrás, já não me sinto mais aquele João Garcia, o amargurado rude homem de Nova Granada. Passaram-se 7 dias, e o garoto, que fazia questão de tomar conta da cachorra, banhava-a. Toda vez que voltava do serviço, era recepcionado por alegres pulos. Ao invés de pão amanhecido, a cachorra alimentava-se da comida preparada para nossas refeições. O incômodo persistia, mas me sentia incapaz de reverter o quadro. Meu sobrinho, aquele garoto com quem nunca consegui trocar muito afeto, pediu, pela primeira vez, para ficar mais tempo em casa. Isso era algo a ser, no mínimo, levado em consideração.
O menino passou mais uma semana comigo, depois foi-se embora com meu irmão. Fiquei mais uns dias com a cachorra, continuei a alimentá-la. No entanto, cansei-me. Sim, dei um fim na cachorra. No jantar da noite passada, a refeição foi especial: um generoso pedaço de filé recheado com cacos de vidro. A noite, confesso, não foi das melhores. Os gritos me incomodavam. Até senti certo remorso. Mas foi só tapar os ouvidos com algodão que, ao cerrar os olhos, eu já dormia.

Giovana da Rocha

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Um dia pensei em fazer-te uma canção de amor, mas aí lembrei-me de que não sei cantar. Então pensei em jurar-te amor, mas nada feito. Posso tentar, pois sei que somente aos loucos cabe a arte de amar.
Giovana da Rocha

terça-feira, 7 de maio de 2013

Às Avessas

Todos os mesquinhos,
Aqueles que me querem mal,
Tomarão um caminho.
Eu caminhão!
Giovana da Rocha

terça-feira, 30 de abril de 2013

domingo, 28 de abril de 2013

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Nascer de Novo

Eu poderia ter perdido uma das minhas razões para viver, mas foi nesse risco que saí ganhando. Não poderia deixar passar em branco a renascença que eu e minha família vivenciamos. Estou muito feliz e acho que dando muito mais valor àquele alguém que passou a vida se dedicando a mim e ontem viu a morte de perto. Pai, palavra tão linda, tão cheia de sentimentos enovelados... De pensar que eu hoje seria uma filha sem pai, meu coração dói e não me sinto capaz de conter o choro. Mas eis que me coloco a pensar: como poderia uma pessoa após tão grave acidente deixar o carro completamente destruído estando ela com apenas um arranhão? Deus? Ou só um caso de tremenda sorte? Não sei... só acho que certas coisas na vida vêm para nos renovar, mudar valores, acordar para a vida. Pois é, eu hoje me sinto muito mais eu, bem mais real. Essa tal de vida vem sempre para nos surpreender, e trazer novos horizontes... Engraçado, mas hoje mudei minha definição: me considero uma quase órfã de pai que, após o milagre dos três capotes e um arranhão, ganhou um pai novinho em folha!

Giovana da Rocha

domingo, 14 de abril de 2013

O Ritual

Sete velas, cianureto, incensos, o punhal, uma toalha vermelha, um cálice e o castiçal. Estava tudo perfeito. As teias e o pó que encobriam os móveis davam maior caracterização ao palco principal. Só me faltava a essência. Não, meu caro, não se trata de perfumes. O que me falta são as vísceras, o sangue. A vítima de hoje é a sedução, é o rostinho bonito e malicioso das boas amantes. Ninguém melhor do que alguém bem parecido com aquela pessoa que o pisou, apunhalou pelas costas e ainda saiu por cima, não é mesmo? Pois bem. Eu sou o humano reduzido a instintos animais, meu combustível é o ódio dos humilhados. Apenas espere um pouco. Segure as pontas que vou vestir-me e colocar um capuz........................ Pronto! Creio que você está imaginando da forma correta.  De fato, não me difiro da quase totalidade dos vilões que já acostumaste a ver nos filmes clichês de Hollywood. Peço-vos desculpas, que a criatividade não me está das melhores. Bom, agora é esperar que a meia-noite chegue. Me agradam horários, cuido que tudo seja programado. 23:58......... 23:59.........................................................................................FÚRIAAA! Ódio, rancor, desgraça! Que desçam todos sobre mim! Que o fogo das trevas me ilumine, que os olhos da perdição passem a me guiar! Vamos, apresse-se desgraçado leitor! Ou estavas a pensar que eu iria mesmo sozinho? Ótimo. As luzes que vejo no sentido sul me dão tudo a crer que se trata de festa na boate ASSKILL! Ahhh, o veneno escorre. Nostalgia é o que me vem. Perfeito, perfeito, perfeito. Parece-me que foi ontem quando Julieta, aquela imbecil de longos e  louros cabelos, negou-me o pedido de namoro que a fiz, publicamente, naquele palco enquanto tocava Elvis e Beatles. Os risos e zombamentos ainda ecoam em meus ouvidos... sou do tipo de pessoa que nada esquece. Pois agora tudo está premeditado, e eu me sinto pronto, perfeitamente bem. É necessário o mundo entender que a maldade não é explícita, que os bons se cansam. Paremos de enrolação que cá estamos em frente a boate. Preciso -urgentemente- controlar as emoções, que em horas como esta quem comanda é o sangue frio. Do meu agrado muito são as mortes silenciosas com tudo conforme o estabelecido. Pois bem. Acabemos com todo o mistério, que não se trata de conto de Agatha Christie. Precisamos de 3 vítimas, 3 belas, arrogantes e cheirosas mulheres... 3 Julietas! Céus, como é fácil conquistar um posto na sociedade... ha ha ha! Nem preciso me foi aguardar na fila. Os seguranças sabem que se trata de Ricardo Jhenny, dono da maior agência de modelos da capital. Pois vamos, caro leitor, que já são horas! Você entra comigo, que o espetáculo não há de tardar. Agora, selecionemos as garotas, que é o pouco que me falta. Que tal um convite? Não seria má ideia ser escolhida pelo dono de uma das melhores agências do país. Simples, muito simples! Estás bem trajado? Ajeite a gravata. Porte-se bem, que segurança de Jhenny precisa de tudo "nos trinques". O que achaste da bela ruiva em trajes azuis? Vejo nesta a arrogância dos que pensam ser os donos do mundo. Típica característica "à lá Julieta". Bom... muito bom! Ei, dê-me um drink, por favor, que a noite há de ser única. Hummm, desta o cheiro conheço bem... deve o pai ter muito suado para comprá-lo. Ou é daquelas que fazem de seus homens mercadores que as abastecem com futilidades. Digno. Uma bela pretensiosa desfilando com seu perfume CH. Espere, que a última faço questão de bem escolher. Ah, pena que a graça não é tanta... pena que em  habitat de seres imorais fácil é encontrar o tipo de pessoa que buscamos. Mas, amigo leitor, esta, a última, é como ansiava... linda! Reluzente a enxergar apenas a própria figura, a desfilar no palco de uma hipócrita plateia, por todos aplaudida inutilmente. Não haveria de ser mais perfeito, jamais sequer imaginei que facilmente encontraria loira tão bela e fresca como minha Julieta! Podes chamar-me do que quiserdes, que de louco sei que tenho muito. Inevitável me foi que quando adquiri ascensão social não procurasse Julieta. Tolinha que era, sua morte custou um passeio de Eldorado e duas doses de Vinho do Porto. Creio que as relações estejam estabelecidas, ou ao menos possibilitadas. Leitor, meu companheiro, fomos um tremendo sucesso. Nossas três Julietas, conforme o esperado, aceitaram o convite, tão iludidas quanto a primogênita. Um breve passeio de Cadillac e chegávamos todos no cenário. Desesperadas e desenganadas de si. Muito me divirto agora ao vê-las em apuros, no pânico que sentem as lebres capturadas por seus predadores. Serei hoje, somente por esta noite, o lobo sedutor que cinicamente atrai incrédulas lebres. Não podíamos dar alarde. Então, tratamos de silenciá-las com nada mais e nada menos que algo que as fizesse calar. Talvez não tenhas notado que ainda não tratei da morte de minha querida. Pois aqui atesto: Julieta Queiroz morreu na madrugada no dia 04/10/88 por elevada concentração de cianureto no sangue. Convenhamos que inverossímeis são as chances de suicídio. Estás agora a experienciar algo talvez inédito em vossa vida, e isso com certeza merece um brinde! Bom, deixemos-lo para mais tarde que já muito me exacerbei em digressões. Em suma, vossa companhia agora é um dono de sujas mãos. Acontece que não costumo ser daqueles que facilmente desvinculam-se dos seus. Eu necessitava de algo que me fizesse recordá-la, logo cuidei de coletar e guardar boa dose de seu sangue. Carreguei-as ainda inconscientes até o centro da sala, e repousei cada uma em sua respectiva poltrona. No assento central, a bela loura, a mais Julieta de todas. À esquerda e direita, respectivamente, a ruiva e a morena. Sete velas postas no castiçal. Incensos e velas já acesos. Vinil de Carmina Burana para melhor caracterização. Para o brinde, Vinho do Porto. Falta-me agora a essência. Resta-me agora o sangue que se fará vinho. Cuidei de reservar a ti, benévolo amigo, a  poltrona que resta para que assistas, à vontade, ao ritual que em instantes há de começar. Apague as luzes, que as Belas estão a acordar! Brindemos todos, que é o melhor a ser feito. Vinho do Porto, com generosas doses de cianureto às minhas Julietas Adormecidas. E contigo, meu companheiro, hei de brindar o deleite de apreciar o marco de tantas vidas! No ar, o cheiro de incenso. No cálice, o sangue de Joana Queiroz e, nas poltronas, Joanas adormecidas. Com o cálice e o sangue, cá estou a brindar a Glória Terrena que custou-me a conquistar.  Para evitar maiores problemas, para que de arrependimento eu não me corroa, é com este punhal que agora me silencio. Glorificado e justiça feita, encerro feito Hércule Poirot, ao som de Carmina Burana.

Giovana da Rocha